SAS Entrevista Artista Alice Grosseman Mattosinho (Rebel Hound)

SAS Entrevista Artista Alice Grosseman Mattosinho (Rebel Hound)

16.10.16

 
1) SAS - O que e quem marcou você para trabalhar com essa área?
Minhas principais influências vieram bem cedo através de mangas, videogames e livros de RPG de mesa. Muito antes de saber qualquer nome de artista, olhar as artes dessas mídias me trazia muita inspiração e vontade de produzir minhas próprias criações. Quando bem criança Pokemon, Zelda e animes/mangas como Samurai X e One Piece me traziam vontade de desenhar, e vez ou outra inventava Pokemons novos, personagens diferentes para essas séries e cheguei a fazer um quadrinho de poucas páginas sobre Zelda quando tinha uns 10 anos de idade. Pouco depois disso, aos meus 13 anos, tive contato com o livro Vampiro: Idade das trevas e A máscara, que mostram cenários de RPG de mesa. Imediatamente me identifiquei com todas aquelas criaturas e criei inúmeros personagens, o que desenvolveu meu gosto pelo character design. Essas foram minhas principais influências e desde muito cedo já botei na cabeça que trabalharia com arte.

 

2) SAS - Quais são os projetos que mais inspiraram você a fazer?
O projeto que fiz que mais tenho gostado é o quadrinho Bad Omen, que será lançado esse ano em dezembro na Comic Con Experience e posteriormente com venda local em Florianópolis e online para todo o Brasil. A história é justamente inspirada nos vampiros e lobisomens de jogos de RPG, em todo o cenário sobrenatural e obscuro que sempre tive muito gosto. Pretendo lançar várias revistas com foco em personagens diferentes, e o primeiro volume conta a jornada de Kanayla, uma jovem lobisomen que entra em uma briga política quando desconfia que sua cidade está sendo invadida por vampiros, levando sua tribo de lobisomens a sofrer diversas mudanças. O cerne de Bad Omen é, na verdade, a auto-aceitação de Kanayla e como buscar sua liberdade pessoal.

 

3) SAS - Quais cursos você fez durante sua carreira?
Felizmente tive a chance de realizar diversos cursos ao longo dos anos. Além da graduação em bacharelado de Design de jogos e entretenimento digital pela Univali, fiz 7 cursos independentes na academia Quanta em São Paulo com professores variados, workshops com Mike Azevedo, Anthony Jones, Bobby Chiu e Antonio Herrera. Nos Estados unidos participei de workshops variados na San Diego Comic Con, Wondercon, Game developers' conference e também dos cursos profissionalizantes de Character design e Gesture Drawing na Silver Drawing Academy, ministrados por Stephen Silves, um grande veterano na indústria de animação e filmes, responsável pelo design de personagens Kim Possible, Tá Chovendo Hamburguer e mais recentemente da nova série de Hotel Transilvania. Também fui uma das quatro pessoas aceitas para participar do workshop in-house de 30 dias do estúdio Imaginism (que criaram personagens de diversos filmes, como Alice no país das maravilhas de Tim Burton) onde morei dentro do estúdio por 30 dias, tendo 10 horas diárias de aula nesse tempo.

 

4) SAS - Qual o perfil profissional que a empresa procura?
O perfil é bastante variado, mas o requisito mais importante é gostar da área que trabalha e saber ser flexível para aprender novas técnicas e estilos. Isso inclui aceitar críticas e gostar de estudar - algo que acho essencial à todos os artistas. A Rebel Hound considera a vontade de aprender, boa postura e paixão pela profissão mais importante num funcionário do que a técnica em si.

5) SAS - Quais cursos você acha que o mercado precisa ter?
Cursos mais específicos e cujas tarefas/projetos finais simulem tarefas reais do mercado de trabalho. Como por exemplo cursos de pintura digital com Photoshop, utlilizando equipamentos como tablets, onde o aluno deverá criar uma ilustração completa baseado no escopo do professor. Ou um curso sobre criação de personagens, que seja passado diversos estilos visuais e diversas maneiras de criar conforme a mídia específica (animação, quadrinhos, games). Trabalhos finais integrados com outras matérias são uma maneira muito boa de ter um aprendizado extra, como juntar alunos de grupos de programação, game design e arte e, em pequenos grupos, formar ao final do curso um jogo de escopo reduzido.

 

6) SAS - Conte uma história que lhe marcou.
Bobby Chiu (fundador do estúdio Imaginism) uma vez me contou que num ponto inicial de sua carreira possuía muita insegurança e não sabia o que fazer, pois viver de arte não estava sendo viável e sentia-se sem rumo. Tendo muita admiração por Stephen Silver, Bobby decidiu enviar uma carta a ele, explicando sua situação e pedindo aconselhamento. Silver, para surpresa de Bobby, respondeu prontamente e disse para que não desistisse, que as pedras no caminho fazem parte e que ele poderia certamente se tornar um artista de sucesso. Bobby ficou muito animado com a resposta e perguntou-lhe como poderia agradecê-lo. Stephen disse apenas que, quando fosse um artista de sucesso e alguém lhe pedisse aconselhamento, que fizesse o mesmo, que respondesse o artista e retribuísse a corrente de apoio. Stephen explicou que quando era jovem estava na mesma situação de Bobby e enviou uma carta a Mort Drucker, um artista renomado da Mad Magazine, e ele também o respondeu. Também perguntando a Mort como agradecê-lo, o pedido de Mort foi para Stephen ajudar artistas quando fosse bem sucedido. Acho essa história muito bonita por mostrar como artistas muitas vezes tem sentimentos parecidos e tendem a ter um caminho tumultuado, mas é sempre possível encontrar pessoas que nos ajudam..



7) SAS - Passe uma mensagem para os alunos da SAS.
Nunca deixem de estudar, pois estilos de arte são sempre aprimorados. Sempre teremos alguma coisa para melhorar e a melhor maneira é ignorar nosso ego e nos superarmos. Não deixe de ouvir críticas, falar com pessoas, pedir aconselhamento e, claro, nunca desista de fazer o que ama.

Quer conhecer melhor o trabalho da Alice? Conheça nos links abaixo:

http://alicemonstrinho.daportfolio.com/
http://rebelhound.weebly.com
https://www.youtube.com/user/alicemonstrinho/videos